Thursday, November 29, 2007


A cajuína de Teresina está bem longe assim como o peixe de receitas maravilhosas nos restaurantes na Volta da Jurema em Fortaleza. Os sucos de frutas naturais, os sorvetes das mesmas frutas estão fora do alcance. E a praia no fim de tarde, a briza e a pizza com guaraná numa pizzaria de esquina. E os amigos...sim, os amigos que falam português, que riem em português, brasileiros. Longe, fora do alcance.


Mas Caetano Veloso não está tão longe e nem tão fora do alcance. Ele veio a nós aqui na Florida e deu o seu show. Ele canta, ele esbanja personalidade, ele é fresco, ele fala inglês. E eu paguei 65 dólares para ouvir a sua voz, ver a sua barriga branca e rir com a sua irreverência. E valeu a pena.


E que outros sigam o mesmo caminho...


(Sonho que se sonha só...)

Friday, November 23, 2007

Depois de hoje


Hoje a cidade está louca. Todos saíram de casa ao mesmo tempo. Um dá sinal para a direita, para a esquerda, em frente. Amarelo. O sinal fechou. E agora verde. Poucas. Pouquíssimas pessoas, quase ninguém. No trabalho, talvez só eu mesmo. A árvore já está montada. Com luzes e laçarotes. E lá fora os carros passam pelas três pistas.
Quase não tem sol hoje. E nem chuva. O que tem mesmo são muitos carros. E cada carro carrega apenas uma pessoa. Onde essas mães deixaram as crianças? Televisão. Biscoitos, bolo e pipoca. Coca-cola também. Pronto, isso é suficiente. Entretenimento garantido. Pelo menos para as crianças.
E os carros continuam a passar. Uns vermelhos, cinzas, marrons. Outros azuis, verdes, amarelos. Uma van cheia de turistas, brancos. Um onibus lotado, lilaz. Um taxi amarelo com motorista haitiano, preto. E daqui a pouco o sol que não apareceu vai se pôr. E aos poucos os carros raream. Um dia a menos. Depois de hoje, apenas 30 dias. E então 25. Dezembro. Natal.

Wednesday, November 14, 2007

Quero ver se voo


Até que poderia escrever um post sobre esse tempo todo que não escrevi, mas não vou.
Até que poderia escrever sobre estar voltando a escrever, mas não vou.
Poderia contar uma estória interessante ou engraçada que me ocorreu nesse tempo todo, mas não vou.
Poderia colocar uma foto e falar da viagem à San Francisco e louvar a beleza da cidade, mas não vou.
Poderia até falar da felicidade de ter comemorado 15 anos de casado e do presente que ela recebeu, mas não vou.
Poderia inclusive falar do não recebimento do nosso green-card, mas não vou.
Até poderia comentar sobre o Canadá e a vontade que estou de ir morar lá, mas não vou.
Poderia comentar sobre coisas belas e hilárias que andei lendo e assistindo, mas não vou.
Até poderia segredar se estou definitivamente voltando a escrever, mas não vou.
Até que eu iria, mas não posso.
Até que poderia, mas não vou.
E se não posso e nem vou
Quero ver se pelo menos nesse momento voo.

Sunday, February 18, 2007

Porta de geladeira


Eatava olhando a porta da minha geladeira um dia desses e notei que ainda tenho muito espaço para magnéticos dos lugares que visitamos. Alguns lugares visitados e re-visitados, mas muito lugares ainda por visitar e a sensação se teremos tempo de visitar a todos.

Temos também até um magnético das Bahamas e nunca pisamos nas Bahamas. Esse faz parte dos magnéticos dos amigos que visitam e nos trazem como lembranças esses magnéticos para colocarmos na porta das nossas geladeiras. A princípio ficamos agradecidos pelo magnético. Eles lembraram da gente enquanto nadavam nas águas claras dos mares de Nassau e se empanturravam de comer frutos-do-mar frescos e se bronzeavam no sol das Bahamas e tiveram uns minutos para umas compras no mercado local para comprar as lembranças para os familiares e amigos.

Mas de que nos serve um magnético de um lugar onde nunca estivemos senão para provocar a sensação de que não sabemos aproveitar a vida? Fico me questionando se isso não é feito de propósito justamente para nos fazer sentir escravos do trabalho e pessoas que não sabem aproveitar as férias e visitar os lugares maravilhosos que nos são oferecidos na terra em que vivemos?

Nesse exato momento não me importa qual o real motivo que leva nossos amigos a nos presentear com um magnético que nos faz sentir dessa maneira, meio que miserável. Nesse exato momento acabo de decidir que nas próximas férias traremos uma sacola cheia desses magnéticos para distribuir com todos os familiares, amigos, vizinhos, colegas de trabalho, o escambal. Vai ser divertido ver as portas de geladeira deles repleta desses magnéticos de lugares que eles nunca visitaram e sempre tiveram vontade. Vai ser divertido vê-los com água na boca toda vez que abrirem a geladeira para beberem um copo de Hawaain Punch!
P.S. Foto para fins ilustrativos. Aqui na nossa residência está decidido que porta de geladeira não é album de fotos! :)

Saturday, January 13, 2007

Corujamente possível

Às vezes a gente pensa que não merece o que é de mais bonito. Tem até vezes que a gente acha que nada de belo pode nascer da gente. Tem vezes que o mais inteligente é o do vizinho.

E da mesma maneira, tem vezes que a gente se acha o mais abençoado. Tem vezes que a gente se sente o mais sortudo. A gente se convence de que a mistura de dois resulta na pura beleza, na inocência, nos seres mais belamente inexplicáveis do mundo. E é assim que sempre me sinto. Duas filhas cuja beleza é indescritível, cuja inteligência é indiscutível e cujo pai é o mais corujamente possível.

É isso ai...amor é inexplicável. E quem tenha coração para entender, que entenda!