Tuesday, December 20, 2005

2006 e os seus caminhos...

Já se encontrou alguém que lhe perguntou onde você estava quando os terroristas atacaram as torres em New York? Ou onde você estava quando o Challenger explodiu em 1986 ou, mais recentemente, onde você estava quando o Columbia explodiu quando entrava em órbita em 2003? A propósito, onde você estava quando John Lennon foi assasinado? Onde você estava quando a inflação no Brasil estourou nos anos 80 no governo Sarney? E onde você estava quando houve o impeachment do Collor? Tem muitas coisas nas nossas vidas que nos marcam. São cheiros, lugares, músicas, sentimentos, pessoas e acontecimentos. Todas essas coisas nos remetem a um tempo atrás e a nossa memória, por pior que seja, nos trás o passado de volta.

Mas nesse momento, nessa data adiantada de 2005 eu não estava pensando onde eu estava onde essas coisas todas aconteceram. Me vi pensando onde vou estar num futuro próximo. Onde vamos estar e o que estaremos fazendo em 2006? Estaremos percorrendo os mesmos caminhos? Fazendo exatamente as mesmas coisas? Conversando as mesmas conversas com as mesmas pessoas? Acordando à mesma hora e assistindo aos mesmos canais de TV?

Foi pensando nessas coisas que resolvi desejar algumas coisas para 2oo6. Então, aqui está a minha lista de desejos para 2006:

1. Achar fora do que já conheço uma banda, um grupo, um cantor...alguém que não seja os que tenho ouvido nos últimos anos (talvez minhas filhas tenham que me ajudar nisso!!!)

2. Deixar de assisitir tantos game e reality shows e passar a assistir mais sitcoms como Friends, Law and Order, Will & Grace, CSI... (estou aceitando sugestões!!)

3. Conhecer uma pessoa nova desde que não seja um cliente, um vendendor, o carteiro, um turista pedindo informação, uma ligação errada no celular ou fixo ou qualquer contato que não leve a um mero "muito prazer".

4. Visitar algum lugar diferente, onde nunca estive antes. Tem que ter parada (com pernoite, se possível!!), foto e exploração do local.

5. Ir a um restaurante onde não tenha estado antes (não vale a mesma rede mudando apenas o endereço e muito menos fast-food!!).

6. Amar ainda mais desesperadamente a minha esposa, as minhas duas filhotas, a minha família e os meus amigos do coração.

Perder peso, ler mais, ser mais organizado, lavar o carro com mais frequência...esses aí não preciso comentar. Tenho mais é que correr atrás!!

Sendo assim, continuo ainda sem saber exatamente onde vou estar no decorrer de 2006, mas com certeza quero estar num lugar melhor, com pessoas melhores, vivendo de maneira melhor e sendo uma pessoa melhor. Mesmo que fisicamente as situações não se alterem muito, mas que os corações e os espíritos sejam definitivamente melhores. E para vocês que estão me lendo,

Boa trilha e FELIZ 2006!!

Saturday, December 17, 2005

Dias de Chuva

O dia está bem nublado e uma chuva fininha está caindo lá fora. Chuva fria, já que me parece que toda chuva acima da linha do equador é fria. Lembrei até dos Carperters cantando:

"Talking to myself and feeling old
Sometimes I’d like to quit
Nothing ever seems to fit
Hangin’ around, nothing to do but frown
Rainy days and Mondays always get me down."


Hoje não é segunda feira, mas é um dia chuvoso. Mas mesmo assim, dias chuvosos não me deixam triste como a música sugere. Simplesmente me deixam com vontade de não fazer nada. Apenas ficar parado, deitado, sem falar muito. Muito possivelmente a chuva parece querer nos lavar das nossas impurezas e esse processo requer inércia.

Então não vou desobedecer às ordens da natureza. Vou ficar aqui quieto, uma velinha com cheiro de canela acesa e uma musiquinha de fundo. Lá fora, a chuva fininha e fria cai bem lentamente e insistentemente fazendo do dia um dia bonito. Bonito como só dias de chuva sabem ser.

Wednesday, December 14, 2005

Jealousy Kills!!

A imagem daquela mensagem tatuada no braço daquele mecânico está me perseguindo até hoje. Melhor então escrever alguma coisa sobre todos os pensamentos que andei pensando para exorcizar essa imagem e abrir o caminho para imagens melhores. Eu sei que vocês não estão entendendo muito bem. Então, vamos começar de novo.

Ainda na concessionária quando fui levar meu carro para revisão, mencionada no último post. A senhora de maquiagem pesada me traz a chave do carro. Vou até ao caixa para fazer o pagamento quando, pelo canto do olho, vejo esse mecânico conversando. Percebo que ele tem uma tatuagem no braço esquerdo. Não entendo porque quando as pessoas são tatuadas, elas não escolhem um tipo de letra fácil de se ler, já que querem dizer alguma coisa com suas tatuagens e sentem prazer em que as outras pessoas observem as suas tatuagens. Meio que virei a cabeça de um lado para o outro discretamente para tentar ler. Pronto, consegui ler a tatuagem: "Jealousy Kills" (o ciúme mata!). Uau, que mensagem numa tatuagem. Já vi tantas outras coisas tatuadas nas pessoas. Já vi "Viva Fidel", "Bush Sucks", "Love Forever", "Paz e Amor", mas "Jealousy Kills" era inédito. Acho que foi por isso que aquela imagem está na minha mente por tanto tempo.

O fato é que me apanhei pensando qual teria sido a experiência que levou aquele mecânico a se tatuar com essa mensagem. Qual teria sido o trauma para levá-lo a escrever na pele essa mensagem. Quero crer que ninguém morreu no episódio, mas alguma coisa morreu.

E por que então o ciúme mata? O ciúme exagerado, no seu afã de amar incondicionalmente, sem limite e desesperadamente termina sufocando, tirando o ar. O amor não se sustenta sem ar, sem espaço. Creio que o ciúme é uma daquelas coisas que, por existir amor, acontece. E quando acontece exageradamente, mata. A falta de espaço que o ciúme causa a um relacionamento leva ao assasinato do amor, da paixão. E quando a paixão escorre entre as brechas que o ciúme causa, ele mata aquela sensação gostosa de amar e ser amado.

Não, não vou me tatuar no braço. Nem nas minhas costas, nem no meu peito e nem em qualquer outra parte do meu corpo. Nem vou levantar uma bandeira contra o ciúme até porque uma pitadinha dele reafirma os nossos realcionamentos. Mas quando se perde o controle ele causa dor, fere, maltrata e destrói até a mais linda estória de amor. E nesse caso, como em todos os outros casos, quando se mata, não se pode ter de volta. Quando se morre, não há solução.

Então, meu amigo mecânico, fico feliz que você ainda tenha o braço direito disponível e que depois de recuperado da decepção, muito em breve você possa tatuar nele: "LOVE ROX*!!!"

* Giria com tradução livre da minha filha Júlia: O Amor é MASSA!!

Saturday, December 10, 2005

O Tempo


Acabei de deixar o meu carro na concessionária autorizada para a revisão de praxe. Esperei um pouco e fui atendido por uma senhora de meia idade. Muito simpática, apesar da maquiagem carregada para quem trabalha na recepção da oficina numa revendedora de carros. Outra coisa que me chamou a atencão foi o fato de ser uma senhora. Nós geralmente não esperamos pessoas do sexo feminino trabalhando numa oficina de carros da mesma maneira que não esperamos um pessoa do sexo masculino trabalhando numa perfumaria. Mas, passado o meu reajuste dos sexos com as suas devidas profissões, a senhora me comunicou que o carro estaria pronto em cerca de uma hora e meia. Como hoje é sábado, o dia está belo e convidativo, fiquei pensando nessa perca de tempo na espera do carro ficar pronto. Resolvi então aproveitar o tempo e usar um dos computadores que a revendedora coloca à disposicão aos clientes.

Eu já havia pensando sobre esse assunto e hoje ele veio a calhar com a situção: O Tempo. Ouvimos várias tiradas sobre o tempo, sobre a importancia do tempo e inclusive dizemos que tempo é dinheiro. Mas existe uma frase de uma letra de uma música de algum tempo atrás que ficou impregnada na minha mente e não esqueço nunca. Não lembro quem canta e nem quem escreveu, mas essa frase está guardada comigo: "O tempo não pára no porto, não apita na esquina, não espera ninguem..."

O tempo realmente não pára no porto. Nós podemos parar no porto, mas não o tempo. Nós podemos parar em qualquer lugar que a nossa imaginação permitir, mas não o tempo. O tempo muda as nossas características, as nossas feições, os nossos corações, os nossos pensamentos, as nosssas responsabilidades, e assim mesmo insiste em não dar uma pausa. O tempo não muda mas nos faz mudar com ele, mesmo que seja só fisicamente. Apesar de todas as consequências que o tempo traz a nós seres humanos, há pessoas que preferem ficar "paradas no tempo" e perdem assim grandes oportunidades de se tornarem melhores e mais saborosas. Há outras pessoas que preferem se desenvolver com o tempo e aproveitam cada oportunidade para se tornarem melhores e mais saborosas, exatamente como os vinhos. Se absorvemos o tempo apenas vivendo cada dia exatamente como o dia anterior ou se absorvemos o tempo vivendo cada dia da melhor maneira que podemos ser, é uma escolha única e individual. O tempo não pára para ninguém, não escolhe correr mais rápido para uns do que para outros, raramente dá uma segunda chance. O tempo simplesmente passa e a escolha que podemos fazer é vivê-lo da melhor maneira ou simplesmente passarmos com ele.

Da mesma maneira, o tempo não apita na esquina. Muitas coisas que nos acontecem durante a nossa estada aqui nessa vida, acontecem de maneira inesperada. Se não fosse assim seria tudo muito previsível e monótono. Seria realmente muito monótono se já nascessemos sabendo onde iríamos estudar, que profissão teríamos, com quem namoraríamos e casaríamos, onde moraríamos e quando morreríamos. Prefiro o desafio de ter que descobrir o que a vida nos oferece no seu devido tempo. Sem dúvida, prefiro as descobertas. Mas o tempo não nos avisa nada. As coisas acontecem ao seu tempo, quer queiramos ou não. Não somos forçados a tomar decisões, mas se as tomamos ou não as tomamos, isso de alguma maneira estará influenciando o resto das nossas vidas. É nossa missão então não só decidir ir com o tempo ou parar nele como tambem estarmos prontos para cada decisão a ser tomada a cada instante. Pintar a casa de branco ou de azul? Ir ao cinema ou a um restaurante? Ou ir aos dois? Ter um, dois, três ou quantos filhos? Casar ou morar juntos? Vestibular para medicina ou para filosofia? Aposentar e não fazer nada ou aposentar e fazer algum tipo de trabalho voluntário? E as decisões são muitas e o tempo todo: simples ou complexas, fáceis ou complicadas ou complicadíssimas...mas se as fazemos ou não, elas, mesmo assim, se apresentam. E se decidirmos não tomar qualquer decisão, por se só já é a decisão que tomamos. E assim o tempo não pára e nem nos avisa do que estar por vir. Acontece, simplesmente e inesperadamente.

E finalmente, o tempo não espera ninguém. Nós podemos esperar que alguma coisa aconteça, mas isso não implica que o tempo pára para que nossas vontades e desejos sejam saciados. O tempo é implacável e não perdoa. Para nós fica apenas a parte mais difícil de sabermos quando parar, se parar, sabermos quando e o que decidir...e depois disso tudo, não perdermos tempo e nem o tempo porque, seguramente e irremediavelmente, ele não espera ninguém.

Thursday, December 01, 2005

Natal: Luzes e Músicas entres outras coisas

Está nas luzes, está nas músicas no rádio, está no ar. Mais um ano acabando. Mas antes disso, Natal. E com o Natal, muitas coisas se transformam e se modificam nem que seja por agora para depois voltarem a ser exatamente como antes. Mas mesmo assim é uma época especial, única, tocante e transformadora.

Parece que acontece como num passe de mágica. De repente pequenas luzinhas começam a pipocar em todo lugar. Os nossos vizinhos compram metros e mais metros de luzinhas, uma atrás da outra como a querer iluminar cada centimetro de espaço disponível no jardim. E na grama, papais noel e renas mais iluminados ainda. As luzes piscam. São vermelhas, depois verde e amarelas. Os papais noel acenam e as renas mexem as cabeças de um lado para o outro. E quando se dá uma volta na vizinhança, todas aquelas luzes e brilho fazem você se sentir culpado por ainda não ter colocado uma única luzinha no seu jardim. Então nós nos perguntamos: para que tantas luzes iluminando um pouco da escuridão das noites de inverno? Talvez porque Natal seja um caminho certo e seguro para tornar os nossos corações iluminados da certerza de que Jesus será sempre uma luz no caminho daqueles que se propuserem a seguir a Sua luz. Ou talvez porque a luz revela o que se esconde no escuro de nós e muitas vezes é necessario nos tornarmos claros para dissipar as nossas solidões, as nossas dores, os nossos medos e os erros que acumulamos desde o Natal passado.

E não podiamos deixar de perceber nas estações de rádio, nos comerciais da TV e nas caixas de som das lojas as músicas natalinas que movem os nossos corações. São as mesmas melodias do ano passado e de todos os anos anteriores, mas mesmo assim parece que se vestem de uma roupagem nova e nos transportam o pensamento para outros mundos com a mesma intensidade de quando as ouvimos pela primeira vez. É bem incompreensivel a capacidade com que essas melodias nos fazem introspectivos. Então nós nos perguntamos: por que essas músicas que não mudam nunca tem a força de nos fazer silenciosos e pensativos? Talvez porque essas músicas foram divinamente inspiradas para que cada nota musical nos leve para dentro de nós mesmos nos dando a oportunidade de vasculhar as nossas entranhas e tentar uma conecção mais forte e constante com a Divina Inspiracao.

São as luzes e são as melodias que fazem do Natal uma época única. Mas as luzes se apagam e são guardadas para o Natal seguinte. E as melodias são arquivadas para serem tocadas daqui a um ano. E a falta do visual e do sonoro vai aos poucos nos tirando a sensação de Natal até que o ano se torna outro juntamente com as resoluções de sermos melhores, mais magros e mais organizados. Mas o Natal não desaparece, não pára e nem morre. Resta portanto não apargarmos as luzinhas que dissipam as nossas escuridões e medos como também não abrir mão de uma coneccão mais forte e constante com Aquele cujo nascimento criou o Natal.